24 de agosto de 2013

Tiro Súbito

Gênero: "Micro-conto"


"E eu pergunto pra você, leitor:
Alguma vez na vida, você já levou um tiro? Ainda se lembra da sensação?"





Tiro Súbito


A multidão novamente.
Pessoas passando, cada uma em seu cotidiano. Você volta para este lugar lotado mais uma vez, que te faz sentir bem-vindo embora não faça você se sentir em casa.
Nada mudou, apenas você. E você se pergunta se as coisas sempre serão assim...
Até que você percebe alguém. Esse alguém está vagarosamente levantando uma arma, e a aponta em sua direção...

BANG!

Você só escuta o barulho, e antes mesmo de terminar de escutar a explosão você já foi atingido.
Você olha pra baixo e percebe que foi atingido. A dor começa a se irradiar.
Seu cérebro se nega a acreditar que isso aconteceu. Afinal de contas, não faz sentido nenhum.
Daí vem o sangue e a sensação de perder o chão... tudo desaba, seu mundo some e nada mais faz sentido.
Você sente a vida fluindo, cada vez mais e mais. E não há nada que você possa fazer quanto a isso.
Seu coração já bate mais acelerado. Ainda é irreal, pois sabe-se lá quanto tempo atrás, apenas alguns instantes talvez, tudo estava normal.
Cada detalhe ao seu redor agora se transforma em algo inesquecível. Tudo fica intensificado.
Por mais que você já tenha ouvido falar e até mesmo visto nos cinemas como era quando isso acontecia...
Você jamais conseguiria imaginar essa sensação.
Você já foi atingido antes, mas nunca tão gravemente. Nem mesmo ao ponto de te tirar o equilibro e lhe tirar o chão dos pés.

Será o fim? Se é mesmo o fim, porque suas esperanças estão mais fortes que nunca?

Seria um desesperado desejo de viver? De realmente viver.
Sua vida passa sim diante de seus olhos, mas só as partes mais importantes. 
Você ve seus erros e acertos, coisas que deram certo, coisas que nunca foram tentadas...
Riscos não tomados, arrependimento do que não foi feito.
Não há nada que você possa fazer agora. Você foi atingido, e só lhe resta esperar para ver o que vai acontecer. 
Se você vai sobreviver ou não.
A impotência de sua situação estar nas mãos de outra pessoa recai sobre ti.
Gostaria que dependesse de você, então poderia dar tudo de si, e lutar...
Mas um tiro no peito não é algo simples de se lidar.

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