23 de março de 2011

Filhos de Gaia

Gênero: Ficção Científica.

      "Um homem acorda no futuro. Dentre as coisas inovadoras tecnologicamente, um novo poder é despertado, devido a uma catástrofe. A humanidade é desumana, e James Tragnam, um suicida, descobre que seu futuro é o futuro de todos."


Filhos de Gaia


            Tudo está escuro. Por que está tão frio? Que barulho é esse? Onde eu estou?
Tudo isso passou pela cabeça de James em um segundo, apenas um instante antes de abrir os olhos. Uma sala branca, pessoas com roupas brancas, jatos brancos de ar quente faziam seu corpo doer. A dor. A dor da morte. A última coisa que James Tragnam se lembrava era de cair do prédio. A sensação fria do vento passando pelo seu rosto rapidamente, tão rapidamente que ele não conseguia respirar. Mas não havia como ele ter sobrevivido. Ele pulou do 43° andar. Tinha ido ele para o céu? Não, não com aquela dor e aqueles jatos de ar em seu corpo. Era o inferno? Mas diabos, ele nunca imaginou que o inferno fosse branco!
            Os jatos pararam, o barulho insuportável de vento cessou, e a dor diminuiu consideravelmente. Aparece um cobertor quente, e logo depois de se enroscar nele James percebe onde ele estava. Um local cheio de aparelhos com telas, macas, e instrumentos que ele não fazia nem ideia de para que serviriam. “Um hospital, ou um laboratório” foi a conclusão à que James chegou.
- Bem vindo, Sr. J. Tragnam! Como o senhor se sente?
 “Puta merda, onde eu estou?” já pensava desesperado. Algo transpassou em sua face, pois o médico que lhe deu as boas vindas, disse prontamente:
- O senhor deve estar se perguntando que lugar é esse, não é mesmo? Onde acha que estamos, Sr. Tragnam?
- Em algum hospital... ou laboratório – acrescentou em um tom um pouco mais baixo.
- Errado, Sr. Tragnam! Eu sou o doutor Jhonatan Silverman, mas pode me chamar de Jhon. Estamos na PUC, a Partícula Unificada de Criogenia.
- Partícula Uni... Criogenia? O que aconteceu comigo? Eu... e-eu morri! Eu me lembro, eu estava caindo, e caindo, e...
- E de repente o senhor acordou aqui, não é mesmo? Isso acontece com grande parte dos nossos pacientes, Sr. Tragnam, não tenha medo. O senhor caiu do prédio, realmente, e o senhor realmente morreu. Isso aconteceu há 213 anos. O senhor acaba de voltar à vida.
Diante de tal declaração, James não soube o que pensar. Ele realmente morreu, e agora voltou a viver? O que aconteceu? Isso é realmente possível? Se passaram 200 e quantos anos?!
- Minha cabeça dói... – ele começava a se sentir zonzo.
- Isso é efeito do descongelamento, passa dentro de alguns minutos. O senhor acaba de passar pela melhor tecnologia de todo o universo, se tivesse voltado à vida uns 50 anos atrás o senhor ficaria em coma por uma semana! – disse em tom de brincadeira o doutor Jhon. Venha agora, vamos levá-lo para o centro de reabilitação.
James foi conduzido por um corredor muito claro, sem janelas, até outra sala maior, onde havia pessoas na mesma condição que ele: umas mais confusas, outras menos, e embora todas estivessem acompanhadas e fazendo alguns exercícios em aparelhos futuristas, ele era o único que estava acompanhado por um segurança além de um médico. Sem dizer palavra, fez todos os exercícios em aparelhos maiores que uma pessoa, onde se entrava e ficava suspenso no ar, sendo girado e esticado de diversas formas, e por último entrou em uma máquina que o teleportou para o outro lado da sala.
- Essa foi para ajustar suas partículas corporais, para quando você começar a se teleportar por aí, sabe como é, né?
Mas ele não sabia. Tudo para ele era novo, até mesmo a sensação do lugar, era como se ele se sentisse mais leve, e o ar fosse mais puro. Tentou se lembrar de alguma coisa além da queda do prédio, mas não conseguiu. Sentiu uma forte dor de cabeça por isso, e ao sentar-se observou que essa sala possuía janelas, e ao olhar por elas, viu que estava de noite. Com um céu muito estrelado.
- Acho que já está pronto para lhe darmos as informações, Sr. Tragnam. – disse Jhon, com um sorriso que lhe pareceu um pouco forçado. Você viveu no ano de 2020, e agora está no ano de 2233. Acompanhe-me, quero lhe mostrar uma coisa.
Seguiram por corredores mais largos e altos, alguns com janelas. James reparava vagamente que o céu era realmente estrelado, mas estava tão preocupado em entender as coisas que o doutor Silverman lhe dizia, que só se deu conta de onde eles estavam quando chegaram à área conhecida como “Varanda” (de acordo com a inscrição colocada ao lado da entrada). Uma abóbada transparente, quase invisível fechava o céu. O céu tão estrelado que ele via da janela, não era só estrelado. Também era movimentado, era colossal. Mais incrível ainda que isso, era habitado.
- Nós estamos no planetóide Zirgon, na região noroeste de Palkan, o 4° maior planeta do Conglomerado de Galáxias habitado atualmente. Sinto que você precisa de uma breve explicação a respeito disso, então lhe direi rapidamente: a raça humana conquista o universo desde 2050, não muito distante de sua época, Sr. Tragnam! Devido à descoberta de astrônomos de que um asteróide ia se chocar com o planeta Terra, toda a tecnologia do mundo foi voltada para o espaço. Em poucos anos construímos naves gigantescas, e conseguimos levar a população do planeta Terra para outro planeta habitável, na galáxia mais próxima.
- Nossa! Isso é surpreendente! Como conseguiram levar toda a população do planeta Terra?
- Er... Bem, na verdade eu não lhe disse que toda a população da Terra conseguiu se salvar. Mesmo naquela época havia desigualdade, e muitas pessoas eram podres. Elas tiveram que ser sacrificadas para a purificação da nova raça humana que se formaria no novo planeta.
Diante de tal declaração, James, mesmo quase sem memória, ficou estarrecido. Mas procurou não demonstrar nada, afinal de contas aquele foi o cara que lhe trouxe de volta à vida.
- James, as únicas coisas que você precisa saber são as seguintes: descobrimos outras raças de seres humanos no universo, durante explorações, e eles são agressivos, ofensivos, perigosos. Eles têm conhecimento próximo ao nosso, mas são completamente diferentes de nós. A maneira mais fácil de você identificá-los é pela cor escura da pele. Quando você viveu, há mais de 200 anos atrás, você foi um soldado, Sr. Tragnam. Não apenas um soldado, você foi o melhor soldado do seu tempo. Sinto lhe dizer, mas estamos em guerra. Esses Jullaians (é como os chamamos) estão atacando nosso império Kalk, que é como definimos o nome da raça verdadeiramente humana. O imperador deu ordem para revivermos soldados do passado, e Sr. Tragnam o senhor é o melhor deles. Graças à nossa tecnologia, conseguimos manter a memória corporal das pessoas, ou seja, tudo que seu corpo aprendeu não está esquecido. O senhor apenas precisará de algumas adaptações para nossas novas armas. Soube que antigamente vocês usavam pólvora nas balas, e às vezes a munição acabava! Ha ha ha!
Tantas informações de uma só vez. James estava confuso, mas algo começava a fazer sentido. Havia explicação para tudo. Ele realmente não havia morrido, e começava a se sentir realmente vivo. Vivo como nunca estivera.
- Você será levado para o Centro de Treinamento Estratégico, que fica na galáxia Pentagonal de Kalk. Estamos só esperando sua carona. O major Marshall está mandando dois sentinelas para te escoltar, digo, acompanhar. – disse o Dr. Jhon, aparentemente meio nervoso. Vamos para a plataforma teleportal.
Foram para um local onde havia diversos “teleportais”, que na verdade eram dois círculos, um no chão, e outro flutuando a uns dois metros do chão. Pessoas entravam nesses círculos e desapareciam quase instantaneamente. Estavam esperando em frente ao Portal CTE, quando um flash roxo indicou a chegada dos dois sentinelas.
- Sentinela 768 e sentinela 998 se apresentando, senhor! – um deles se dirigiu à John.
- Já estava na hora, hein! Esse Marshall... Levem o Sr. Tragnam ao CTE imediatamente! – disse esbravejando. Até uma próxima vez, Sr. Tragnam. Siga com estes sentinelas pelo portal que você já se encontrará com o major Marshall.
Os três entraram juntos no portal, e a luz roxa o cegou momentaneamente. Quando conseguiu abrir os olhos novamente, estava um homem de nariz achatado e cara de importante, na sua frente, olhando para ele com cara de quem preferia estar em qualquer lugar menos ali. Mediante às continências dos dois sentinelas, ele percebeu que àquele era o major, e repetiu o gesto dos dois.
- Atenção, soldado! Eu sou o major Marshall, chefe deste centro de treinamento. Siga-me!
Enquanto andavam, Marshall explicou que os procedimentos que ele aprenderia seriam implementados rapidamente na mente de James, e ele esperava que Tragnam resistisse, pois muitos morriam com o processo, ou viravam débeis mentais que mereciam ser sacrificados. Com medo, James seguiu até uma sala cheia de computadores, robôs, e máquinas estranhas. Marshall deu uma ordem em código para o robô humanóide que havia ali, e mandou que James deitasse em uma maca. O robô veio até ele e grudou alguns eletrodos em volta da cabeça de James, em lugares diferentes. Voltando para perto de uma das máquinas, o robô apertou alguns comandos, e foi quando a vista de James escureceu, e ele começou a tremer... Estava tendo vislumbres de armas lazer,  explosões de luz, naves espaciais... Mas, além disso tudo, ele conseguia ver ele mesmo atirando nessas naves, assim como operando naves. Conseguiu se ver operando a nova tecnologia, e fazia isso com muita habilidade. Quando os vislumbres terminaram, ele respirava rápido, mas não havia morrido. Estava apenas mentalmente exausto.
-Levante-se, soldado! Ande depressa, já estou perdendo tempo demais aqui!
            James foi levado à uma sala inteiramente azul, e lhe foi entregada uma arma. Um rifle chamado Protogun, que atira prótons. Não possuía pentes, pois sua fonte de energia era de Villion, um elemento encontrado em um dos novos planetas explorados, de acordo com o robô que guardava as armas. Mas ele já sabia disso, pois a implementação também lhe forneceu todas as informações sobre os equipamentos, além do manuseio e habilidade. Ele estava pronto, e quando menos esperava (depois de Marshall sair da sala e dizer que o soldado Tragnam passaria por um teste), as luzes apagaram. O que aconteceu agora, ele não conhecia ainda, e ficou chocado em um primeiro momento. Começou a sair uma névoa de alguns cantos, e algumas luzes bem fracas. Ele colocou seus óculos especiais, e percebeu que as paredes da sala desapareceram.
Ele se encontrava no meio de uma cidade toda destruída, com prédios metade caídos, carros virados e queimados, casas destelhadas, lixo nas ruas. Era uma cidade obscura e soturna, e da escuridão olhos espreitavam. Os óculos se ajustaram rapidamente, e James viu uma horda de pessoas correndo pra cima dele, algumas com pedaços de pau, barras de ferro, pedras... Por um instante ele hesitou... eram pessoas ali. Mas ele era um soldado treinado, e em um segundo momento a cabeça de Jullaians se desintegrava, pedaços de corpos caiam, e sangue voava feito fogos de artifício.
Não conseguia se lembrar claramente da sua vida de soldado, mas assim que começou a atirar com a Protogun que recebeu, se sentiu como se tivesse segurado uma daquela a vida inteira.
De repente os Jullaians começaram a atirar com Protoguns também, e ele se escondeu nos escombros. Começou a acertá-los antes mesmo de eles levantarem as armas. Depois que matou todos os armados, ouviu a voz do major Marshall lhe dizendo para entrar na construção grande que havia em sua frente. Chegando lá ele viu Jullaians levantando pedras enormes à distância, usando aparentemente o poder da mente. Também viu Jullaians flutuando, ou quase invisíveis. Atirou em todos, e não se surpreendeu com nenhum daqueles poderes. Quando cortou pela metade o último Jullaian com uma rajada de prótons, sentiu-se meio zonzo. “Deve ser efeito colateral... ainda não estou me sentindo cem por cento” – foi o que ele pensou. Então ele começou a ver... dezenas de Jullaians... Todos lutavam, alguns com pedras e paus, outros com armas. James estava no meio deles, mas nenhum deles parecia dar atenção para ele. Todos atiravam para cima, em naves que pairavam há uns 5 metros do chão. Diante da fúria dos peles escuras, as naves se viraram para o espaço, e sumiram, viajando na velocidade da luz.
- E aí, matou o líder deles já? – repentinamente a voz do major Marshall ecoou nos seus ouvidos.
- Aquele que estava escondido dentro da sala do canto? Sim senhor!
- Ótimo, hora de voltar para cá. Desligar realidade virtual! – ordenou o major, supostamente para o robô que estava na sala anterior quando James entrou.
A sala azul voltou a ser azul. James tirou os óculos, e voltou-se para a porta (que, percebeu ele, estava no lado oposto do qual ele imaginava estar). A porta abriu-se rapidamente quando ele chegou perto, e assim que entrou na outra sala o major  começou a lhe bombardear com perguntas.
- Viu bem todos eles né? Viu como são hostis? Você reparou nos poderes deles? Aquilo é somente uma base de dados que nós possuímos, mas temos certeza de que eles possuem outros poderes ocultos. Você consegue imaginar que tipo de poderes eles teriam? Consegue? Vamos, diga alguma coisa!
- E-Eu acho que sim... quer dizer, não consigo imaginar quais outros poderes eles poderiam ter, mas vi como são hostis – respondeu incerto James.
- Estou vendo que aquele doutor inútil não fez quase nada. Vamos para a sala Zero.
Levou então James por corredores estreitos, que cheiravam a sangue e cachorro molhado. Quando chegaram a uma porta com 5 trancas, o major Marshall (que havia chamado um homem de jaleco branco enquanto estavam a caminho de lá) tirou uma chave de seu bolso. Se é que se pode chamar aquilo de chave. Era uma pirâmide, e Marshall encostou cada face dela em cada espaço nas trancas. Depois de reconhecimento da voz e da retina do major, eles entraram.
- Este é o doutor Scott, soldado Tragnam. Ele irá acrescentar algumas informações de combate no seu cérebro, então por favor se sente aqui nesta cadeira – Marshall mostrou-lhe uma cadeira que aparentava ter sido usada por anos a fio, para executar prisioneiros. Relutante, James se sentou na cadeira, e teve seus braços e pernas presos.
- Para quê isso, major?
- Apenas para sua segurança, soldado. Esse treinamento é um pouco mais pesado do que o outro. Na verdade ele nunca foi testado, e esperamos que funcione com você – e embora tenha dito com  firmeza, James percebeu que neste momento Marshall olhara para os lados, como se não soubesse muito bem o que dizer.
            - Mas eu...
            - Ligue a máquina, Scott!
James sentiu todo seu corpo ser transpassado por uma corrente elétrica, e assim que sentiu a eletricidade, já não via mais nada.
Recaiu em outra daquelas visões, mas desta vez ele não estava no campo de batalha. Ele estava em um lugar estranhamente familiar... Era claro, mas não era uma luz artificial. Era quente, e o ar não estava puro demais. Havia centenas de pessoas ao seu redor, ele se encontrava em um parque. “Estou na Terra” foi tudo que conseguiu pensar, até que todos começaram a gritar, estavam olhando para uma grande tela, onde um homem estava em um lugar escuro, aparentemente de noite, olhando para o céu. Esse homem segurava algo em sua mão, que colocava perto da boca toda vez que falava. Ele disse que estava chegando, que era o fim. Pediu a ajuda de Deus, mas no meio de sua oração James viu... Uma forma brilhante se aproximava pelo céu, rumando diretamente para onde estava o homem. Esse objeto foi se aproximando, tomando proporções colossais, gritos eram ouvidos ao fundo, até que ficou tudo claro demais, e a tela piscou e exibiu a mensagem “sinal perdido”. Todos ao seu redor começaram a se agitar, alguns chorando, outros rezando. Outros correndo, gritando ou apenas parados, sem saber o que fazer. Alguns instantes depois, James começou a sentir a terra tremendo. No começo parecia que eram apenas as pessoas correndo ao redor, mas em breves instantes tudo tremia, os prédios começaram a cair, pessoas ficavam soterradas. James se lembrou porque havia ido para a praça, e onde estava. Ele estava na Terra, e o asteróide ia finalmente colidir com o planeta. Todos foram orientados a irem para um local aberto, todos os que não conseguiram sair do planeta, que não tinham dinheiro, fama ou poder.
James viu a terra rachar. Viu abrirem fissuras no chão, e delas começaram a sair primeiro vapores, e depois um tipo de gosma verde, brilhante. Aquilo começou a jorrar para todo lado, encharcando todos ali. Cobertos de gosma verde, esperando pela destruição de tudo, eles não acreditaram quando começaram repentinamente a flutuar. E foram flutuando, se afastando do chão que ainda tremia, dos escombros e destruição. Assim eles ficaram até que tudo cessou. Aquela gosma verde, eles perceberam, havia entrado pela pele, e sumido sem deixar vestígios. Tudo começou a ficar mais claro, tudo foi perdendo a cor. Quando deu por si, o laboratório fedido no subsolo do Centro de Treinamento Estratégico entrava em foco, e ele era desamarrado pelo cara de jaleco.
- Que bom que você sobreviveu, espero que use bem esses novos conhecimentos estratégicos. Esse processo é automático, as informações vão para seu sistema autossômico, então dá a impressão de não ter aprendido nada... Agora me responda, soldado, quais poderes você acha que os Jullailans tem e ainda não mostraram para nós?
Sentindo que algo estava errado, James não sabia o que dizer. Vendo a cara de ansiedade do major, achou que era melhor inventar alguma coisa, pois sentia que não custava nada para Marshall mandar que matassem James por não ter utilidade, e depois dizer que ele havia morrido no processo de implantação.
- Acho que eles podem ter alguns poderes que não estavam na realidade virtual, senhor!
- Não me diga! Você está zombando com a minha cara, soldado? – sua postura parecia mais hostil.
- Não, senhor! Acredito que eles podem ter superforça, e visão de raio-x, além dos poderes que eles já mostraram, por exemplo – James começou a suar frio.
- Ah, sim, claro! Visão de raio-x, e superforça. Claro, claro. O que mais eles devem ter? Imortalidade após receber oito tiros de Protogun?? Ou talvez imunidade ao fogo depois de ter perdido os quatro membros do corpo?
Marshall estava enfurecido. Aproximou-se rapidamente de James, e deu lhe um sonoro tapa na cara. James teve sua face virada para o lado, e permaneceu naquela posição, sem dizer palavra.
- Scott, mande os sentinelas levarem ele para Palkan, para o quartel. Talvez pelo menos na guerra ele sirva de alguma coisa.
Foi-se embora rapidamente, fechando a porta ao passar. Scott não sabia muito bem como reagir, mas não foi estúpido como Marshall, ou suspeito como o doutor Silverman. Parecendo se desculpar, ele ajudou James a se levantar, e começou a levá-lo pelo corredor de volta à área de teletransporte.
- Que pena, filho. Sinto muito que tenha passado por tudo isso. Não foi minha escolha, eu apenas cumpro ordens – disse Scott.
- Eu entendo. Só não sei por que o major ficou tão nervoso. É como se ele já me odiasse antes mesmo de eu ter conhecido ele!
- Talvez seja isso mesmo. Dizem que ele é um pouco preconceituoso com... com... com pessoas reanimadas.
- Hm... Talvez seja. Me diga, Scott, tem tantas coisas que eu ainda não entendo deste futuro! O que aconteceu na Terra, afinal de contas?
            - A Terra original? Ah, bem... a maioria da população conseguiu escapar. A parte “boa”, como eles costumam dizer.
            - Mas e os que não conseguiram, o que aconteceu?
            -Bem... Os que não conseguiram fugir foram atingidos pelo asteróide, claro – disse ele olhando para os lados. É só uma pena que tantos tenham ficado para trás...
            - Tem alguma chance de eles terem sobrevivido, Scott? Sei lá... o planeta inteiro não pode ter sido destruído por um asteróide! Isso é impossível!
            - Bem... – Scott estava cada vez mais nervoso, olhava para os lados sem parar. Na verdade aconteceu algo com a Terra. Foi terrível. O asteróide possuía uma velocidade tão grande quando se chocou com a Terra, que ele conseguiu penetrar muito fundo no planeta. Fundo demais. Ele conseguiu chegar até o núcleo da Terra. Por causa disso, a destruição ocorreu em toda a superfície terrestre. Houve rachaduras por toda a superfície, fazendo com que a água dos lagos e oceanos entrasse nas fissuras, diminuindo o nível do mar. Acredito que a água acabou lá, ou se tornou imprópria para consumo humano. Como não há vida sem água, todos que pudessem ter sobrevivido (o que já acho improvável) morreram sem água.
            James ouviu tudo com atenção. Algumas coisas pareciam imprecisas, mas uma teoria já começava a se formar em sua cabeça.
            Chegaram à plataforma de teletransporte, e outros dois sentinelas já estavam à espera dele. Atravessaram rapidamente, e assim que chegaram à Palkan, pegaram um transporte militar até o quartel. O “Tunk” como era chamado o carro militar, era basicamente um tanque de guerra. Mas se locomovia no ar, flutuava há um metro do chão, e seu canhão disparava a “bomba P”, que não era nada mais nada menos do que uma concentração de prótons compactada em uma bola.
            No caminho do quartel, cruzaram com um comboio gigantesco. Era o transporte do imperador Reltih, como lhe foi informado pelos sentinelas. Assim que chegou no quartel, já foi conduzido para junto do Grupo de Ataque Kalk. Eles estavam se preparando para um ataque ao planeta dos Jullaians.
            O planeta Palkan era melhor do que os lugares em que James esteve antes, em vários aspectos. Começando pelo fato de que ele não parecia ser a coisa mais importante do planeta, e era tratado como um soldado qualquer. Palkan não tinha luzes artificiais para iluminar o planeta inteiro. Possuía sim suas luzes, mas ficava mais próximo do sol daquela galáxia. Seu ar não era tão puro, e havia mais barulhos. James experimentou um sentimento de nostalgia, embora não soubesse explicar muito bem, imaginou que fosse da Terra. Uma coisa curiosa, era que nos planetas por onde ele havia passado, ele se sentira bem fraco. Mas em Palkan ele se sentia mais forte, como se estivesse comendo depois de passar muito tempo de barriga vazia. Quando lhe foi oferecido para fazer uma rápida refeição antes da batalha, contudo, ele não sentia fome alguma. Disse que não queria comer, e então seguiu junto dos outros soldados para dentro da nave de batalha.
            Era uma nave imensa. Soldados entravam sem parar, dezenas em cada nave. Lá dentro, a espera, James descobriu que utilizariam as naves porque no planeta Jullaian não havia teleporte, e por isso seria mais demorado. Viajariam apenas na velocidade da luz.
            No que lhe pareceu serem uns segundos, a escotilha se abriu, e os soldados começaram a descer. Todos portavam Protoguns metralhadoras (como aquela que usara na realidade virtual), e recebiam as ordens por meio de um comunicador em seus ouvidos.
            - Exterminem todo e qualquer Jullaian que aparecer na sua frente! Sigam em direção ao sentido leste, é para lá que fica a base deles! Repito, direção leste!
            Seguiu junto com o fluxo de soldados. Estava claro, assim foi fácil ver quando apareceram os primeiros peles escuras, e James Tragnam hesitou. Era como na realidade virtual... Mas ele sabia que aqueles caras ali eram humanos. Que aquilo tudo era real. Quando começaram a usar seus poderes psíquicos e jogar escombros em cima dos soldados, James sentiu sua experiência corporal tomar a frente, se esquivou e se escondeu rapidamente. Não havia disparado um único tiro.
            Que sensação familiar era aquela? O calor da batalha? Não, não era isso. Ele se sentia bem. Não agitado, mas bem. Sentia-se em harmonia naquele lugar. Em paz. Sua respiração passou de rápida e ofegante à tranquila e profunda. Sua visão começou a escurecer, e quando deu por si, ele se viu em meio a centenas de pessoas olhando para uma projeção gigantesca de uma face no céu. Essa face era do Imperador Reltih. Ele dizia que todos ali eram sujos, impuros, condenados desde seu nascimento. Que o destino deles era perecer, e que se não morreram de forma natural, como era para ter sido, a raça verdadeiramente humana iria tratar de limpar o universo. Todos ficaram revoltados, começaram a atirar pedras, escombros, e alguns dos mais fortes até mesmo carcaças de carros, na nave que estava fazendo a projeção. Logo depois disso, a escotilha dessa nave se abriu, e desceram soldados armados, que começaram a atirar em todos os que não conseguiam fugir. James corria e chorava ao mesmo tempo. O que havia acontecido com os seres humanos?
            James estava voltando a si. O som de tiros de prótons, de construções que ainda não haviam caído, desabando, pessoas gritando. Quando deu por si, percebeu que havia caído em um local visível. Ao tentar sair desapercebido, um dos Jullaians o viu, e começou a lançar pedras em sua direção. Por maior que fosse a agilidade de James, um dos pedregulhos acertou sua cabeça, e ele caiu inconsciente.
            Recuperou sua consciência, e a primeira coisa que notou foi que estava amarrado em uma cadeira. Abriu os olhos, e percebeu que estava em um local fechado. Pessoas olhavam para ele, e não havia nenhum soldado ali. Mas elas não tinham nada de hostil em sua aparência. As únicas coisas que diferenciavam os Jullaians dos Kalk eram a cor da pele, e a sensação de que os Jullaians tinham sentimentos.
            - James, é você? É realmente você? – um dos Jullaians perguntava para James, com lágrimas nos olhos.
            - Sim, meu nome é James...
            - Capitão James? – outros dois apareceram.
            - Onde estou? Como sabem meu nome?
            - Oh... o quê fizeram com você, capitão! Você não se lembra de nada!
            - Eu realmente não me lembro de nada. Muito menos isso de capitão. Mas eu sei de uma coisa: eu estava no planeta Palkan até agora pouco, e tudo o que me disseram ter acontecido desde que eu morri, 213 anos atrás, não está fazendo muito sentido.
            Diante de tal declaração, a sala inteira explodiu em risos. Sem saber o motivo, mas diante da cativante risada deles, até mesmo James Tragnam começou a rir.
            - James, escute com atenção o que vou lhe dizer – disse um senhor careca que aparentava ter uns 70 anos. Tenho algumas notícias meio chocantes para lhe dar, portanto se prepare. Enquanto não tivermos certeza de quem você é, sinto muito, mas não podemos te desamarrar.
            - Tudo bem, senhor...
            - Lewis Landall. Mas pode me chamar de Larry. Era assim que você costumava me chamar. Vou tentar seguir uma ordem cronológica, para não lhe confundir ainda mais. No ano de 2050, os seres humanos passaram por uma grande catástrofe. Um asteróide se chocou com o planeta. Algumas pessoas possuíam dinheiro e recursos para construir naves e procurar outro planeta habitável. Mas era uma pequena parcela, e muitos não tinham condições de pagar milhões para ir para outro planeta. Diferentemente do que os Kalk costumam dizer à todos, quando o asteróide se chocou com a Terra, nem todos os humanos morreram. Os que estavam mais próximos do local de impacto com certeza sim, mas havia uma parcela de gente que acreditava que se estivesse do outro lado do planeta, conseguiria sobreviver. Na verdade isso estava errado, pois mesmo o outro lado do planeta sofreu com o impacto. Mas ocorreu algo que ninguém esperava. O asteróide, quando se chocou, ele literalmente entrou no planeta. E algo que até então a humanidade não havia se preocupado em estudar, que era o núcleo da Terra, surpreendeu a todos. O asteróide chegou ao núcleo do planeta, e lá havia um elemento, que nós chamamos de Gaia. Com o grande impacto causado pelo asteróide, esse elemento foi sendo forçado através da Terra, até o outro lado do planeta.
            - Nossa, isso realmente é possível?
            - Você estava lá, James. Você passou por isso. Esta é a Terra, e você estava lá quando o asteróide colidiu com o planeta.
            James não sabia o que pensar. Aquela visão era real. Aquilo era o passado dele! Ele se deu conta de que não  havia se jogado de um prédio, tentado se matar. Ele, James Tragnam, nunca faria uma coisa dessas.
            - Você se lembra, né? Gaia saindo da terra... entrando em nosso corpo. Gaia era a energia vital da Terra. Quando entrou no nosso corpo, essa energia vital ativou partes da nossa mente até então inalcançáveis! Gaia nos deu poder. Mas por ter perdido sua energia vital, a Terra morreu. Não nascem mais plantas, os animais todos morreram. James, a Terra não gira mais. A Terra esta estacionada em sua órbita, desde o grande impacto. É por esse motivo que parte do planeta tem luz o dia todo, e o outro vive nas sombras. É por esse motivo que a nossa pele é queimada.
            - Mas minha pele não é queimada... – disse timidamente.
            - Sim, sua pele é queimada sim. Eles não fizeram só lavagem cerebral em você, meu amigo. Eles modificaram a pigmentação da sua pele, para que você ficasse como um deles.
            - Por isso que ficavam me perguntando o tempo todo sobre coisas dos Jullaians que eles mesmos não sabiam, como poderes desconhecidos!
            - Não nos chame de Jullaian, James – disse Larry com um tom de ressentimento que fez James se sentir mal por ter se referido à eles assim. Ou então chamarei você de Kalk – acrescentou em um tom de piada, todos começaram a rir e James percebeu que o clima pesado que surgira já desaparecera.
            - Desculpe, desculpe! – disse rindo. Continue me contando a história, por favor.
            - Sim, sim. Claro.  Eles dizem também que os seres humanos não conseguiriam sobreviver sem água, pois com o grande impacto, as águas potáveis se esvaíram nas fendas do solo. É incrível pensar que tanta água assim poderia ter sumido, mas no princípio até havia água na parte “dia” do planeta. Mas como o sol ali era constante, ela evaporou rapidamente. Ventos levaram as nuvens para outros lugares, e perdemos nossa água. Ventos trazidos por naves Kalk. Eles conspiraram para que os humanos que conseguiram sobreviver ao asteróide morressem.
            Eles se esqueceram de pensar que o ser humano é a criatura mais adaptável a situações. Mesmo quando não era necessário, já existiam pessoas assim. Nós não precisamos comer. Não precisamos nem mesmo de água. Lógico que as pessoas que conseguiam fazer isso antigamente eram profundas conhecedoras de seu interior, e possuíam controle total de seus corpos. Mas com a gente foi um pouco diferente, pois grande parte de nós tem Gaia dentro de si. Isso aconteceu há mais de 200 anos, mas nós continuamos vivos. É a energia da mãe Terra que vive dentro de nós. Nós conseguimos viver de luz. Essa é a nossa necessidade, por isso vivemos deste lado do planeta. A expressão “sem água não há vida” está errada. O correto é “sem luz não há vida”.
            Tudo começava a fazer sentido na cabeça de James. Ele era um ser humano, tratado como lixo, chamado de Jullaian, sofrendo tentativas de assassinato constantes. Mas isso ia mudar. Ele também tinha Gaia dentro dele, ele tinha a fúria dos renegados, e era o melhor soldado de todas as humanidades possíveis.
            - Acredito em você, Larry. Desamarrem-me, rápido! Eu tenho um plano.
James voltou para a nave com a qual chegou à Terra. Silenciosamente, matou o piloto, e voltou para Palkan. Era só ajustar o destino, que a nave ia sozinha. Ele havia aprendido isso com naves inimigas que eles conseguiram abater.
            Por ter voltado para a Terra, algo aconteceu dentro dele. Talvez o Gaia que ele possui reagiu com o planeta. O que importa, é que sua memória havia retornado.
            Chegou a Palkan tão rápido quanto chegara na Terra. Mudando a opção de navegação para o modo manual, e diminuindo a velocidade máxima da nave, James conseguiu pilotar aquela nave de porte imenso, como se fosse uma nave individual. O piloto Tragnam, Capitão da Força da Resistência, era o melhor piloto da Terra. Fazia coisas que os próprios Kalks não sabiam que poderiam ser feitas.
            Mesmo diminuindo a velocidade, James conseguia pilotar em uma velocidade surpreendente. Tão surpreendente que nem deu tempo de constatarem que a nave que chegou repentinamente até o comboio do imperador estava sendo pilotada por um Jullaian.
            James chegou lançando Protomísseis nos carros ao redor do carro do imperador (o enorme e brilhante do meio, não tinha como errar). Aproximou sua nave até a cabine superior do carro de Reltih, e utilizou sua própria arma para quebrar o vidro de sua nave, e do carro imperial. Pulou para dentro do carro imperial, e todos ali dentro ficaram surpresos com a repentina aparição do soldado. O primeiro Kalk que ele decepou foi o major Marshall. Sentinelas estavam por ali, e caíram um após o outro. Depois que o elemento surpresa acabou, e quando estavam finalmente preparados, os sentinelas perceberam que já era tarde demais. James Tragnam segurava o imperador como refém, e mantinha a arma apontada para a cabeça dele. Depois de atirar em cada sentinela que ainda estava vivo ali (utilizando o corpo do imperador como escudo), James percebeu que os restantes eram chefes dos planetas daquela galáxia.
            - Olá, senhores! – disse sarcasticamente. Vejo que estavam no meio de uma reunião! Desculpem-me por entrar assim tão de repente, mas também quero participar desta reunião! Tenho algumas coisas a declarar para os senhores.
            - Quem diabos é você? - perguntou um dos líderes planetários.
            - Meu nome é James Tragnam, e eu sou um ser humano. Apesar da cor da minha pele estar como a de vocês, eu sou o que vocês chamam de Jullaian.
            Se eles já estavam em pânico antes, agora parecia que estavam ainda mais. A simples menção de ele não ser Kalk deixou-os mais desesperados ainda.
            - Quero saber a opinião de vocês, senhores. Vocês por acaso sabiam que a raça humana não foi destruída, mas que conseguimos sobreviver com apenas a luz do sol? Que a única diferença entre nós e vocês, quando saíram da Terra, era o dinheiro?
Quero saber se vocês estão dispostos a aceitar os Jullaians como seus iguais, aprender com eles e compartilhar sua tecnologia, trazendo eles para o sistema planetário de vocês.
            Durante um momento que pareceu uma eternidade, o silêncio reinou naquele recinto. James tapava a boca do Reltih com a mão, pois sabia que se ele falasse algo iria influenciar todos os chefes planetários. Estava começando a achar que eles poderiam aceitar, quando começou a ouvir gargalhadas.
            - Isso é absurdo!
            - De onde você tirou essa ideia, rapaz? Ha, ha, ha! Você está maluco! Jamais iríamos nos misturar com peles escuras!
            - Patético! Você vai morrer por causa dos estragos que causou, mas antes vai nos dar muitas informações sobre os Jullaians!
            Diante de tais declarações, ele fraquejou, e neste momento oportuno o imperador escapou. Ficando de frente para James, Reltih o olhava como algo do mais profundo nojo.
            - Você é um lixo, um verme! Entra aqui pensando que é alguém, coloca suas mãos imundas em mim, e ainda causa um grande estrago! Ainda por cima diz coisas absurdas! Nunca nos misturaremos novamente com seres desprezíveis que nem vocês! Sentinelas! Sentinelas!
            Um grupo de uns 15 sentinelas entrou rapidamente na sala, cercando James.
James não estava preocupado, afinal já esperava por aquilo.
- Pena que não aceitaram minha proposta. Eu acreditei que ainda poderíamos encontrar a solução, mas a humanidade não está evoluída o suficiente para se aceitar como humanidade. Os seres humanos ainda tem a tendência de rebaixar uns aos outros, no sentido de se fazerem melhores. A necessidade ridícula de ser melhor do que outros, de não aceitar as diferenças, só vai trazer destruição ao mundo. Nem mesmo um asteróide foi capaz de unificar os povos. Talvez desde o começo a humanidade já estava fadada à este destino.
Todos ficaram surpresos pela tranquilidade e pelas palavras de James. Ninguém esperava também, o que estava porvir.
- Dentro dos Jullaians tem Gaia, o elemento da vida do planeta Terra. Dentro de cada planeta existe o elemento que o torna um organismo vivo. Mesmo aqui neste planeta de vocês, existe muito elemento potencial. Este elemento é uma fonte de energia inesgotável. Vocês não souberam aproveitar nada disso. Sinto muito que as pessoas boas, que hoje são tidas como os malfeitores, tenham que pagar pelos erros da ganância de alguns.
James largou sua arma. Ele abriu seus braços, e fechou seus olhos. Tudo na sala pareceu ressoar com ele. Tudo ficou mais denso, ficou difícil para se respirar. Uma luz verde, muito forte, começou a emanar do corpo dele. James levitou alguns centímetros, e o planeta inteiro começou a tremer. Ele era um com a energia daquele planeta, e a estava agitando, aquecendo. Os outros planetas também começaram a tremer. Desde planetóides como Zirgon até galáxias inteiras que ainda eram desconhecidas. O universo inteiro tremia, e a energia vital de todos os planetas se expandia. De repente, tudo era luz. A explosão não chegou a ser uma explosão, pois ela consumiu tudo que tocou. Quando iam sentir a luz, já não era mais possível sentir. Foi assim que o universo inteiro desapareceu. A escuridão tornou-se luz. Essa luz foi-se retraindo até se tornar um único ponto branco, no meio de uma nova escuridão absoluta. Esse pontinho foi se apagando, e se apagando... Quando estava quase sem luz, ele brilhou. E repentinamente, houve uma pequena explosão. O universo começava de novo. 

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